No início do depoimento, Cachoeira fez troça quando o juiz perguntou se era casado ou solteiro. "Pergunta difícil. Só o MP me liberar [para casar]. No primeiro dia, tá?", respondeu olhando para Andressa Mendonça, ex-mulher do senador Wilder Morais (DEM) que sucedeu o senador cassado Demóstenes Torres.
Cachoeira também brincou quando o juiz perguntou seu endereço. "Agora tem que perguntar para ela", disse novamente se referindo a Andressa, para depois responder que mora na casa que já foi governador Marconi Perillo (PSDB), no condomínio de alto luxo Alphaville. A compra da casa de Marconi, onde o mafioso foi preso, é objeto de investigação da CPI do Congresso que apura fraudes cometidas no Governo de Goiás. Suspeita-se que parte do valor real do imóvel tenha sido pago "por fora" ao governador tucano de Goiás.O empresário admitiu que "gostaria de fazer um bom debate com o MP, todo mundo, (...) mas devido às falhas processuais, é melhor eu não falar nada. Venho sofrendo muito", afirmou. Cachoeira está preso desde o dia 29 de fevereiro e teve vários pedidos de habeas corpus negados.
A única pergunta respondida por Cachoeira foi referente ao processo em que chegou a ser condenado em primeira instância com Waldomiro Diniz por exploração de jogos.
Antes de terminar, Cachoeira afirmou que se tornou um "leproso jurídico". Segundo o empresário, desde quando foi preso ele recebeu a confiança apenas dos desembargadores do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, Tourinho Neto e Adilson Macabu.
Tourinho derrubou a prisão preventiva decretada a Cachoeira por meio de uma liminar, anulada depois pelo Supremo Tribunal de Justiça (STF). Já Macabu foi relator do processo em que a defesa de Cachoeira pedia a anulação das interceptações telefônicas obtidas pelas PF. Macabu votou a favor, mas seu voto foi derrubado por dois desembargadores.
"Me dói muito todo esse processo que estou passando. Um dia esse processo será esclarecido", finalizou Cachoeira antes de levantar e sentar ao lado dos réus que já depuseram.
Com o fim dos depoimentos, e caso não sejam deferidos os pedidos de novas diligências, acusação e defesa terão cinco dias para apresentar alegações finais e o juiz terá 10 dias para proferir sentença. A expectativa do MPF/GO é que a sentença seja prolatada até o final do mês de agosto. Caso sejam condenados os réus receberão penas que, em média, devem ultrapassar 15 anos de cadeia.
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