22 de março de 2012

Para fazer crescer PIB, Dilma reúne com empresários e trabalhadores. "Custo Brasil" é principal entrave ao crescimento, dizem industriais

Aspecto da reunião entre a presidente Dilma e empresários (Foto: Wilson Dias/ABr)

A presidente Dilma Rousseff reuniu-se hoje (22) com 28 empresários para ouvir as demandas do setor para aumentar o investimento privado e estimular o crescimento da economia. Dilma pediu um esforço maior de investimentos dos empresários para alavancar o Produto Interno Bruto (PIB).
Recentemente, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou que o objetivo do governo é fazer a economia crescer 4,5% em 2012. Se isso for alcançado, será um resultado bem melhor que o de 2011, quando o Produto Interno Bruto (PIB) ficou em 2,7%.
Ontem (21), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que o índice referente à produção registrou 46,5 pontos, ante os 45 pontos de janeiro e os 50,4 pontos de fevereiro do ano passado. Foi o sexto mês consecutivo que esse índice apresentou pontuação abaixo dos 50 pontos (os valores vão de 0 a 100 e abaixo de 50 apontam queda da produção). Os números são da Sondagem Industrial de fevereiro.
Na semana passada, Dilma recebeu representes das principais centrais sindicais e ouviu as demandas dos trabalhadores. As centrais manifestaram a preocupação com os impactos da guerra cambial na indústria nacional, cobraram ações mais incisivas contra a desindustrialização, que pode gerar desemprego, e reclamaram da falta de avanço na negociação de reivindicações trabalhistas com o governo.
Além dos empresários, participaram da reunião os ministros da Fazenda, Guido Mantega, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho.
Na terça-feira (20) e ontem, no Senado, governadores, secretários estaduais de Fazenda e industriais discutiram a questão do ICMS único sobre produtos importados. Representantes do setor industrial mostraram que o Brasil vive uma quadro de desindustrialização (fechamento de fábricas), resultante principalmente da concorrência com produtos importados. Em audiência pública conjunta das comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), empresários disseram ser preciso rediscutir o modelo de desenvolvimento do país. O primeiro passo nesse sentido é a aprovação do Projeto de Resolução do Senado (PRS) 72/2010, que uniformiza a alíquota de ICMS sobre bens e mercadorias importados.
Na segunda audiência promovida pelas duas comissões para debater a proposta, presidentes das principais associações industriais do país pintaram um retrato crítico do setor, com demissões em massa, perda de receita e de competitividade. E enfatizaram que os incentivos fiscais concedidos por alguns estados às importações quebram a isonomia competitiva dos produtos nacionais, que seguem pagando todos os impostos, ao contrário dos produtos importados.
Representantes do setor admitiram, no entanto, que a chamada “guerra dos portos” não é o único problema enfrentado pela indústria de transformação brasileira. O estímulo às importações corresponderia, segundo eles, somente a um quarto do problema, que abrange entre outras coisas tributação excessiva, juros altos e falta de infraestrutura.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, Aguinaldo Diniz Filho, afirmou que a indústria têxtil no Brasil, dentro da fábrica, tem custo e produtividade iguais a qualquer outra indústria internacional do ramo. A diferença se manifesta “do lado de fora” por meio do custo-Brasil de produtos nacionais e os incentivos fiscais à concorrência. Segundo Diniz Filho, o setor representa 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, com faturamento anual em torno R$ 100 bilhões, e gera 8 milhões de empregos diretos e indiretos. Ainda assim, entra em 2012 deficitário.
Para Luiz Aubert Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o Brasil passa por um processo “virulento” de desindustrialização, podendo deixar de se tornar uma potência para virar “uma colônia da China”. A entidade criou em seu portal na internet o “desempregômetro”, um instrumento que calcula quantos empregos estão sendo perdidos no país em decorrência das dificuldades enfrentadas pela indústria de transformação. O número é de quase 154 mil em dois meses de meio de contagem. Empregos que, na avaliação do empresário, estão sendo criados na China.
- O empresário hoje ganha mais importando. Não tem risco trabalhista, é muito mais fácil. O empresário não acaba, vai buscar soluções. Mas, a indústria acaba. Não existe país desenvolvido sem indústria de transformação desenvolvida - ponderou, usando como exemplo o setor têxtil que não estaria nem mais importando máquinas têxteis e, sim, o tecido já pronto.
Também presente na audiência, o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, conselheiro do Instituto Aço Brasil, argumentou que a aprovação do PRS 72/2010 é “a primeira etapa na tentativa de corrigir um pouco essa distorção absoluta que é a guerra fiscal em nosso sistema tributário”. O industrial ressaltou que só esta medida não vai resolver os problemas do setor, mas seria “impossível” fazer uma reforma tributária completa. Por isso ela precisa ser feitas em etapas. A aprovação do projeto seria o primeiro passo. (Com informações e foto da Ag. Brasil e da Ag. Senado)

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