Entendo que Marconi (ou qualquer outro cidadão) tem todo o direito de a) defender-se; b) ter a sua disposição todos os meios para provar sua inocência. É o Estado Democrático de Direito quem o garante!
Porém, entendo também que não se pode criminalizar a investigação. Caso isso ocorra, estaremos diante do inimaginável quadro no qual a mera afirmação do governante a bradar nada ter a ver com determinados malfeitos seria suficiente para suprimir da opinião pública o direito de saber a verdade.
Ao governante não basta DIZER ser inocente; há que PROVAR ser inocente.
Entendo que, de certa forma, nesses casos, pedindo perdão aos juristas, deve operar-se a inversão do ônus da prova. Estamos de tal sorte bombardeados por falcatruas e trampolinagens, cometidas por quem teria a OBRIGAÇÃO de impedi-las ou coibi-las, que considerar todo governante culpado até prova em contrário é o último refúgio do cidadão.
Abro aqui um parêntese. Diz-se, com certa razão, que o governo reflete os defeitos e qualidades de seu povo. Isso sendo verdade, seríamos um povinho sofrível.
Ocorre que isso não é bem verdade.
A quase totalidade dos brasileiros paga impostos e taxas; cumpre suas obrigações familiares e profissionais; e obedece a Lei. Fazem isso, dirão alguns, por não ter outra alternativa. É verdade. Mas, por "querência ou precisão", como diria Riobaldo, comportam-se dentro dos padrões mínimos exigíveis por uma sociedade que se pretende civilizada.
Alguns chegam a dizer que "fariam o mesmo que os políticos, caso estivessem lá". Mas, entre o dizer e o agir enorme distância existe! E considerando que dificilmente a maioria "chegará lá", o desvio de conduta torna-se uma intenção vazia de consequência.
Acredito que a corrupção é fruto do casamento da falta de caráter com a oportunidade. Para a falta de caráter não há remédio. Mas, quanto às oportunidades, essas podemos restringir! E isso se faz através de leis mais rigorosas, fiscalização oficial e controle social das atividades públicas. Fecho o parêntese.
Tudo isso apenas para dizer que Marconi tem todo o direito de esbravejar por ser colocado ao lado de Cachoeira e Demóstenes, atuais ícones da corrupção nacional (até que outros lhes ocupem o lugar). Mas, nós, a cidadania, o zé povinho, o eleitor, o pagador compulsório de impostos, temos o direito, senão a obrigação, de duvidar e exigir que a investigação mais rigorosa possível seja realizada para colocar um fim, desculpando o trocadilho irresistível, nesta cachoeira de lama que constrange o Brasil e os brasileiros.
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