No jornal Opção, de Goiânia, hoje (20), com reportagem de Cezar Santos e foto de Fernando Leite:
Ação mais efetiva em favor da educação em Goiás do que o que está sendo feita pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego). É esse o objetivo declarado do grupo denominado "Mobilização dos Professores de Goiás", que ainda não tem existência formal, mas que já se mobiliza efetivamente no momento em que os professores da rede estadual completam 40 dias de greve — que chegou a ser declarada ilegal pela Justiça.
São cerca de 50 professores em Goiânia e 6,5 mil em todo o Estado, em sintonia pela internet. Eles ameaçam a hegemonia do Sintego, ligado à CUT e ao PT, e se mostram dispostos a fazer muito barulho, principalmente nas dependências da Assembleia Legislativa, onde está em votação dispositivos legais que dizem respeito à remuneração dos funcionários públicos e especialmente dos professores.
Foi o que aconteceu na quarta-feira, 14, quando a Mobilização dos Professores de Goiás fez um “barulhaço”, incluindo pancadaria na porta do recinto das galerias. Com o início do tumulto, a segurança da Assembleia reforçou a vigilância no local para prevenir incidentes maiores.
Os integrantes do grupo continuaram a manifestação, enquanto um representante, o professor Fabrício David de Queiroz, participava de reunião com os deputados e o Sintego, justamente para tratar da emenda de lei que versa sobre a remuneração dos professores, em análise na Casa. Isso significa que mesmo informalmente o grupo já adquiriu algum poder de representatividade.
O Sintego está à frente da movimentação pela retomada da gratificação por titularidade, mas a Mobilização dos Professores de Goiás acha que o sindicato está “mole” nessa luta. Dessa forma, se coloca “mais à esquerda” que o sindicato.
O professor João Coelho (leciona no Colégio Estadual Irmã Gabriela, no Conjunto Riviera) informa que eles resolveram agir quando o Sintego disse ter conseguido um documento do governo, assinado pelo secretário da Educação, Thiago Peixoto (PSD), de que haveria cumprimento das reivindicações, que são, entre outras:
1- Retorno da gratificação de titularidade, especialmente de mestrado e doutorado;
2- Cumprimento do plano de carreira;
3- Concurso público para professores e pessoal administrativo;
4- Adequação salarial dos administrativos;
5- Democratização da gestão da Seduc.
“Esse documento foi lido, mas não foi nos mostrado. E nós discordamos disso. O Sintego defende o fim da greve por causa desse documento, mantendo um estado de greve, mas voltando às salas de aula, por 40 dias, para que o impasse seja resolvido. Ora, greve é greve, não tem estado de greve. Ou estamos em greve ou não estamos”, disse João Coelho. [No dia seguinte a essa declaração (quinta-feira, 15), os professores da rede estadual realizaram uma assembleia geral em que foi definida a continuação da greve enquanto o governo não atender às reivindicações. Também decidiram aderir à paralisação nacional convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação-CNTE].
O professor Fabrício David de Queiroz, que leciona nos Colégios Estaduais do Parque Amazonas e Antônio de Oliveira da Silva, reforça a argumentação. “Por isso a posição da Mobilização dos Professores é só parar a greve com posicionamento concreto por parte do governo no atendimento as nossas reivindicações. Não basta um documento assinado pelo secretário. E se ele sair amanhã? Quem vai garantir o que ele assinou? Queremos um documento assinado também pelo governador e pela comissão formada pelo Ministério Público, a Seduc, o Sintego, o Conselho Estadual de Educação e o deputado representante da Assembleia.”
Outra diferença da Mobilização com o sindicato diz respeito ao atrelamento da entidade. O Sintego é ligado à Central Única dos Trabalhadores (CUT), braço sindical do PT. Por isso o sindicato tem sido acusado de ter motivação política na decretação da greve, uma forma de confrontar o governo estadual, cujo governador é do PSDB, adversário do PT — lembre-se que este ano tem eleições municipais. “Ao contrário do Sintego, somos independentes em relação a partidos políticos, a associações ou entidades políticas”, explica João Coelho.
Os dois professores da Mobilização ressaltam que logicamente há pessoas filiadas a partidos políticos no movimento. “A Mobilização não tem vinculação partidária, embora, é lógico, tem pessoas filiadas a partidos aqui. Aceitamos as pessoas, mas não o ordenamento partidário que elas possam ter. Não nos interessa a tendência partidária de ninguém.”
O movimento Mobilização dos Professores de Goiás começou no ano passado, quando a SEE propôs mudança na matriz curricular, antes mesmo do plano de carreira ser alterado. Vem daí a origem do que se poderia chamar dissidência — o termo não é totalmente apropriado, mesmo porque há vários professores no movimento que não são ligados ao Sintego.
João e Fabrício dizem que a Secretaria da Educação não ouviu os professores — não ouviu sequer o Sintego — ao propor essa alteração. “Como essa mudança implicava alteração na carga horária na quantidade de aulas para as turmas de filosofia e sociologia, os professores dessas disciplinas se reuniram, foram ao Conselho Estadual de Educação, à própria secretaria. Fomos vitoriosos, o Conselho soltou um parecer aceitando a autonomia das escolas na determinação dessas disciplinas”, lembra João Coelho.
“Interessante observar que houve uma aproximação com professores da rede municipal, do movimento Comando de Luta, já que muitos professores lecionam nas duas redes”, observa Fabrício.
Eles contam que nessas alturas, já havia um grupo de educadores goianos no Facebook debatendo essa e outras questões, buscando formas de mobilização. Até que no dia 23 de dezembro de 2011, numa reunião na Faculdade de Educação da UFG, eles formaram a Mobilização dos Professores de Goiás, definiram diretrizes, uma espécie de pré-estatuto.
As decisões são tomadas a partir de ponto de pauta surgida durante a semana. Todos votam. “Não temos chefe, não tem líder, não tem um grupo diretivo e mesmo quem chega agora tem participação igual. Formamos comissões de atividades e entra quem quer”, explica o professor Fabrício.
Do ponto de vista mais filosófico, os professores João e Fabrício dizem que perceberam um processo de despolitização no Sintego: “Os professores não se interessam pelo que o sindicato faz. Em 2011, houve uma greve iminente, mas o Sintego não levou à frente. O sindicato está descreditado pelos professores por causa de greves que não foram bem-sucedidas. Foram várias assembleias em 2011 com votação da maioria pela paralisação e o Sintego não deu sequência. Em lutas anteriores, em 2010, num movimento dos professores da rede municipal, o Sintego determinou o fim da greve, e o Comando de Luta continuou. Então isso desacreditou os professores em relação ao sindicato”, conta João Coelho.
Sobre essas diferenças com o Sintego, os dois representantes do grupo Mobilização dos Professores de Goiás fazem questão de afirmar um ponto que só o tempo poderá confirmar: não é objetivo do movimento disputar a diretoria do sindicato.
Os professores Fabrício David de Queiroz e João Coelho negam que o movimento Mobilização dos Professores de Goiás busque um posicionamento de confronto em relação ao governo do Estado. “Não queremos desgastar o governo, não queremos desgastar deputados ou criar celeumas. Esse barulhaço na Assembleia é uma forma de sermos ouvidos. Ninguém viu nem vai ver nós fazermos depredações, agressões. Nós somos incisivos, temos de ter voz grossa para sermos ouvidos pelos próprios professores, para despertá-los”, dizem.
Sobre a questão política, eles ressaltam que não “compram” a briga entre PT e PSDB, “Estamos acima de interesses partidários. Nós não somos radicais, porque entendemos que radicalidade é cortar salários. Queremos fazer valer os direitos dos professores.”
No dia em que o movimento agitou as dependências da Assembleia, ouviram-se palavras de ordem contra o governo, também em relação a temas fora da educação. O professor João Coelho defende a Mobilização e diz que palavras de ordem sobre temas alheios à educação — como Carlinhos Cachoeira, saúde e segurança pública — se deve ao fato de que muitas dessas questões influenciam na educação.
“Falamos sobre o que esperamos dos políticos, lisura. O fato de haver políticos envolvidos com Carlinhos Cachoeira, como aparece na imprensa, sobre irregularidades, isso pode interferir na educação também. Então nós estamos nos manifestando politicamente sobre a realidade”, afirma o professor Fabrício.
São cerca de 50 professores em Goiânia e 6,5 mil em todo o Estado, em sintonia pela internet. Eles ameaçam a hegemonia do Sintego, ligado à CUT e ao PT, e se mostram dispostos a fazer muito barulho, principalmente nas dependências da Assembleia Legislativa, onde está em votação dispositivos legais que dizem respeito à remuneração dos funcionários públicos e especialmente dos professores.
Foi o que aconteceu na quarta-feira, 14, quando a Mobilização dos Professores de Goiás fez um “barulhaço”, incluindo pancadaria na porta do recinto das galerias. Com o início do tumulto, a segurança da Assembleia reforçou a vigilância no local para prevenir incidentes maiores.
Os integrantes do grupo continuaram a manifestação, enquanto um representante, o professor Fabrício David de Queiroz, participava de reunião com os deputados e o Sintego, justamente para tratar da emenda de lei que versa sobre a remuneração dos professores, em análise na Casa. Isso significa que mesmo informalmente o grupo já adquiriu algum poder de representatividade.
O Sintego está à frente da movimentação pela retomada da gratificação por titularidade, mas a Mobilização dos Professores de Goiás acha que o sindicato está “mole” nessa luta. Dessa forma, se coloca “mais à esquerda” que o sindicato.
O professor João Coelho (leciona no Colégio Estadual Irmã Gabriela, no Conjunto Riviera) informa que eles resolveram agir quando o Sintego disse ter conseguido um documento do governo, assinado pelo secretário da Educação, Thiago Peixoto (PSD), de que haveria cumprimento das reivindicações, que são, entre outras:
1- Retorno da gratificação de titularidade, especialmente de mestrado e doutorado;
2- Cumprimento do plano de carreira;
3- Concurso público para professores e pessoal administrativo;
4- Adequação salarial dos administrativos;
5- Democratização da gestão da Seduc.
“Esse documento foi lido, mas não foi nos mostrado. E nós discordamos disso. O Sintego defende o fim da greve por causa desse documento, mantendo um estado de greve, mas voltando às salas de aula, por 40 dias, para que o impasse seja resolvido. Ora, greve é greve, não tem estado de greve. Ou estamos em greve ou não estamos”, disse João Coelho. [No dia seguinte a essa declaração (quinta-feira, 15), os professores da rede estadual realizaram uma assembleia geral em que foi definida a continuação da greve enquanto o governo não atender às reivindicações. Também decidiram aderir à paralisação nacional convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação-CNTE].
O professor Fabrício David de Queiroz, que leciona nos Colégios Estaduais do Parque Amazonas e Antônio de Oliveira da Silva, reforça a argumentação. “Por isso a posição da Mobilização dos Professores é só parar a greve com posicionamento concreto por parte do governo no atendimento as nossas reivindicações. Não basta um documento assinado pelo secretário. E se ele sair amanhã? Quem vai garantir o que ele assinou? Queremos um documento assinado também pelo governador e pela comissão formada pelo Ministério Público, a Seduc, o Sintego, o Conselho Estadual de Educação e o deputado representante da Assembleia.”
Outra diferença da Mobilização com o sindicato diz respeito ao atrelamento da entidade. O Sintego é ligado à Central Única dos Trabalhadores (CUT), braço sindical do PT. Por isso o sindicato tem sido acusado de ter motivação política na decretação da greve, uma forma de confrontar o governo estadual, cujo governador é do PSDB, adversário do PT — lembre-se que este ano tem eleições municipais. “Ao contrário do Sintego, somos independentes em relação a partidos políticos, a associações ou entidades políticas”, explica João Coelho.
Os dois professores da Mobilização ressaltam que logicamente há pessoas filiadas a partidos políticos no movimento. “A Mobilização não tem vinculação partidária, embora, é lógico, tem pessoas filiadas a partidos aqui. Aceitamos as pessoas, mas não o ordenamento partidário que elas possam ter. Não nos interessa a tendência partidária de ninguém.”
O movimento Mobilização dos Professores de Goiás começou no ano passado, quando a SEE propôs mudança na matriz curricular, antes mesmo do plano de carreira ser alterado. Vem daí a origem do que se poderia chamar dissidência — o termo não é totalmente apropriado, mesmo porque há vários professores no movimento que não são ligados ao Sintego.
João e Fabrício dizem que a Secretaria da Educação não ouviu os professores — não ouviu sequer o Sintego — ao propor essa alteração. “Como essa mudança implicava alteração na carga horária na quantidade de aulas para as turmas de filosofia e sociologia, os professores dessas disciplinas se reuniram, foram ao Conselho Estadual de Educação, à própria secretaria. Fomos vitoriosos, o Conselho soltou um parecer aceitando a autonomia das escolas na determinação dessas disciplinas”, lembra João Coelho.
“Interessante observar que houve uma aproximação com professores da rede municipal, do movimento Comando de Luta, já que muitos professores lecionam nas duas redes”, observa Fabrício.
Eles contam que nessas alturas, já havia um grupo de educadores goianos no Facebook debatendo essa e outras questões, buscando formas de mobilização. Até que no dia 23 de dezembro de 2011, numa reunião na Faculdade de Educação da UFG, eles formaram a Mobilização dos Professores de Goiás, definiram diretrizes, uma espécie de pré-estatuto.
As decisões são tomadas a partir de ponto de pauta surgida durante a semana. Todos votam. “Não temos chefe, não tem líder, não tem um grupo diretivo e mesmo quem chega agora tem participação igual. Formamos comissões de atividades e entra quem quer”, explica o professor Fabrício.
Do ponto de vista mais filosófico, os professores João e Fabrício dizem que perceberam um processo de despolitização no Sintego: “Os professores não se interessam pelo que o sindicato faz. Em 2011, houve uma greve iminente, mas o Sintego não levou à frente. O sindicato está descreditado pelos professores por causa de greves que não foram bem-sucedidas. Foram várias assembleias em 2011 com votação da maioria pela paralisação e o Sintego não deu sequência. Em lutas anteriores, em 2010, num movimento dos professores da rede municipal, o Sintego determinou o fim da greve, e o Comando de Luta continuou. Então isso desacreditou os professores em relação ao sindicato”, conta João Coelho.
Sobre essas diferenças com o Sintego, os dois representantes do grupo Mobilização dos Professores de Goiás fazem questão de afirmar um ponto que só o tempo poderá confirmar: não é objetivo do movimento disputar a diretoria do sindicato.
Os professores Fabrício David de Queiroz e João Coelho negam que o movimento Mobilização dos Professores de Goiás busque um posicionamento de confronto em relação ao governo do Estado. “Não queremos desgastar o governo, não queremos desgastar deputados ou criar celeumas. Esse barulhaço na Assembleia é uma forma de sermos ouvidos. Ninguém viu nem vai ver nós fazermos depredações, agressões. Nós somos incisivos, temos de ter voz grossa para sermos ouvidos pelos próprios professores, para despertá-los”, dizem.
Sobre a questão política, eles ressaltam que não “compram” a briga entre PT e PSDB, “Estamos acima de interesses partidários. Nós não somos radicais, porque entendemos que radicalidade é cortar salários. Queremos fazer valer os direitos dos professores.”
No dia em que o movimento agitou as dependências da Assembleia, ouviram-se palavras de ordem contra o governo, também em relação a temas fora da educação. O professor João Coelho defende a Mobilização e diz que palavras de ordem sobre temas alheios à educação — como Carlinhos Cachoeira, saúde e segurança pública — se deve ao fato de que muitas dessas questões influenciam na educação.
“Falamos sobre o que esperamos dos políticos, lisura. O fato de haver políticos envolvidos com Carlinhos Cachoeira, como aparece na imprensa, sobre irregularidades, isso pode interferir na educação também. Então nós estamos nos manifestando politicamente sobre a realidade”, afirma o professor Fabrício.
Eu acredito que os professores não podem parar essa greve enquanto o governador não devolver o que ele tirou e valorizar o professor.
ResponderExcluirAcho que esse governo ficou louco, eu nunca vi um administrador pior que esse, olhe para o nosso estado, ele está em caos,a educação, os impostos, as estradas, a segurança e se não bastasse as pessoas que moram no interior não podem mais sair de casa que são multadas,tem policiais para todos os lados parecendo sangue-sugas multando os pobres trabalhadores que custam comprar uma moto velha para ir para o trabalho. Socorro! Alguém nos ajude!
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