Aconteceu ontem (16), na Câmara Municipal de Marabá, o ato público que tinha por objetivo deflagrar o processo mais intenso de mobilização da sociedade de Marabá em favor de um conjunto de investimentos prometidos e até agora postergados.
O evento, que atraiu um número expressivo de lideranças políticas, empresariais e comunitárias, precisa ser entendido dentro de seus estritos limites. A meta era reunir os diversos setores dirigentes da cidade para traçar linhas gerais de uma estratégia capaz de pressionar, com sucesso, os governos federal e estadual e a Vale no sentido de garantir a implantação de fato da Alpa/Aline, a conclusão da Hidrovia Araguaia-Tocantins e a recuperação da malha rodoviária estadual até aqui abandonada. Acredito que, tudo somado, tenha alcançado seu objetivo.
O evento e seus desdobramentos renderão diversos posts no blog.
Por agora destaco três aspectos que considero mais relevantes.
Em primeiro lugar, merece relevo a posição de Ítalo Ipojucan, presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá (Acim). Cuidadoso, Ítalo apresentou com extremo rigor toda a longa trajetória desta odisseia marabaense em busca da Alpa e projetos correlatos.
Mostrou com precisão os impactos positivos que os investimentos causarão. Lembrou que, no final do ano passado, Marabá sediou o Simpósio da Indústria Metal Mecânica, maior encontro de investidores de sua história. Empresas do Brasil e do exterior vieram conferir o potencial de Marabá e verificar como podem juntar-se a este esforço pela industrialização.
Sobre a questão da implantação da Alpa, Ítalo reafirmou ter absoluta certeza que o projeto será concluído, apesar dos atrasos.
Em segundo lugar, destaco a intervenção da deputada estadual Bernadete Ten Caten. Apesar de petista, a deputada demonstrou ter consciência que o Governo Federal erra feio ao não priorizar a conclusão da Hidrovia e, como era de se esperar, comprometeu o PT com a luta em favor de uma pauta mais ampla de reivindicações.
Bernadete lembrou, contudo, que o Governo do Estado tem uma grande responsabilidade com o atual estado das rodovias, com a crise da segurança pública e vem demonstrando desinteresse em ajudar a resolver o impasse envolvendo as obras de conclusão da Hidrovia. A deputada defendeu uma pauta bem mais ampla, que envolva as questões que suscitou e outras que deverão integrar o rol de reivindicações de Marabá aos Governos federal e estadual e à Vale.
Por fim, coube ao deputado estadual João Salame Neto fazer a síntese possível entre tantas análises, por vezes divergentes, para apontar um conjunto de encaminhamentos que apontam para o caminho do diálogo, mas sem perder de vista a possibilidade de radicalização. Salame acabou por tornar público uma informação que circula há bastante tempo nos bastidores, sempre que Alpa e Hidrovia são discutidas.
Salame afirmou que a presença de Jorge Gerdau Johannpetter na coordenação da Câmara de Planejamento e Gestão do Governo Federal é um forte empecilho à concretização da Hidrovia e da Alpa. Gerdau é um dos "capos" da indústria do aço e o setor não vê com bons olhos o ingresso da Vale no segmento. Segundo Salame a influência de Gerdau seria uma das explicações possíveis para a relutância de Dilma em concluir a Hidrovia Araguaia-Tocantins.
Por fim ficou acertada a constituição de uma coordenação com a finalidade de preparar grande manifestação para daqui a sessenta dias, além de intensificar os contatos com a Vale e as diversas esferas dos governos.
No todo, considerando ser este um primeiro passo, o ato público de ontem deve ser considerado como positivo. Mesmo ficando patentes as grandes distâncias que separam alguns dos líderes marabaenses, é nítido o esforço que fazem para construir e manter a unidade. A mera disposição de ignorar divergências e buscar as convergências é sempre um bom ponto de partida, principalmente quando está em jogo o futuro de toda uma região.
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