18 de novembro de 2011

No fim da greve de professores, a presença de dois "Estados do Pará"


Depois de ser acuado pelo Governo do Estado e pela Justiça Estadual, o Sintepp, órgão de classe que representa professores e demais trabalhadores na educação, não tinha mesmo outra alternativa que não fosse interromper o movimento grevista que se arrastou por mais de 53 dias e penalizou sobremaneira os estudantes e hoje à tarde uma assembleia dos professores aprovou a suspensão da greve e a retomada das atividades a partir de segunda (21).
A par da decisão, correta, do Sintepp em suspender o movimento, cabe aqui uma rápida reflexão: Infelizmente, Jatene estabeleceu dois níveis de "realidade" no Pará.
O estado, oficialmente, é "rico, pujante, lindo" e aparece nas colunas de "descolados" como Nelson Mota, como o berço desta estrovenga conhecida como "tecnobrega" (se ambos separados são horrorosos, imaginem a junção dos dois), a Defensoria Pública recebe prêmios por defender a "união homoafetiva", os municípios são "verdes", até a TV estatal terá imagem "digital" e que tais.
Mas, existe o estado que nós, pobres contribuintes (e eleitores!), vivenciamos no dia-a-dia. Neste nosso estado, mulheres grávidas e seus filhos morrem nas portas dos hospitais públicos, crianças são violadas dentro de presídios, o conflito agrário mata mais trabalhadores a cada mês e, ignomínia, não é possível pagar-se R$ 66,00 a mais para cada professor!
É este Pará, algo esquizofrênico e já dividido pelo discurso oficial, que alguns oportunistas teimam em manter do mesmo tamanho para seu próprio benefício eleitoreiro.
Os professores saíram desta greve sem os benefícios que buscavam, mas, claramente não saíram derrotados. Tendo discernimento, o Sintepp pode recuperar o papel que já teve de grande verbalizador das insatisfações dos eleitores (principalmente de Belém). Se terão a competência para fazê-lo, não sei e não cabe a mim policiar ou instruir os movimentos sociais. Sou cronista do meu tempo, não seu demiurgo. Mas, torço para que isso ocorra.
Política para mim, acreditem, só tem sentido quando existe a oposição. Ela é o contra-peso necessário para impedir que os governantes de turno usem o mandato outorgado pelo Povo para oprimi-lo e subjugá-lo à sua vontade. É a oposição, e não a situação, que dá sentido à democracia.

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