5 de setembro de 2011

Às vésperas do Plebiscito, mais promessas de "integração". Você acredita? Nem eu.

Simão Jatene encontrou-se ontem com Sinval Barbosa, governador do Mato Grosso. Como tudo no governo tucano precisa receber um "nome" ou tornar-se um "programa", o colóquio é chamado de "Rota da Integração". O assunto foi a construção de uma ferrovia que seguiria o traçado da BR-163, a famigerada "Cuiabá-Santarém", cuja construção começou em 1973 e até hoje não foi concluída. Jatene e Sinval querem atrair um grupo de investidores chineses para financiar a construção da ferrovia que permitiria maior eficiência no escoamento da produção de grãos do Mato Grosso através do porto de Santarém. Jatene e Sinval afirmaram que seus respectivos estados querem ser "parceiros desse empreendimento".
Sinval chegou a falar sobre o asfaltamento da BR-163, um assunto espinhoso no Tapajós. “A BR-163 é a espinha dorsal da logística nesta região e é fundamental para o escoamento da soja do Centro Oeste pelo porto de Santarém. Temos um compromisso da presidente Dilma de que os recursos para a conclusão da rodovia já estão assegurados”, afirmou Barbosa.
O anúncio é interessante e, lógico, será muito usado por aqueles contrários à criação dos Estados do Carajás e Tapajós. "Olha como estamos investindo lá no "interior"!" ou "Agora que estamos levando o desenvolvimento, 'eles' querem dividir!" e outras tolices do gênero aparecerão.
Mas é curioso como em toda campanha eleitoral essas "políticas de integração" aparecem com força. Dilma também prometeu, durante a campanha eleitoral asfaltar a BR-163. Até hoje, nada foi feito.
Considerada por Sinval Barbosa a "espinha dorsal da região", a BR-163 segue abandonada. No plano de obras do Governo Federal estão previstos para este ano 189 milhões de reais para "recuperação" de estradas federais no Pará. Esse recurso deverá ser distribuído em obras nas BR-153, BR-158 e BR-163. Segundo o DNIT a verba é suficiente para recuperar 510 quilômetros de asfalto. Ocorre que só no lado paraense da BR-163 são 1.100 km sem condições de tráfego.
Aliás, falando em recursos para investimento, fica difícil imaginar alguma capacidade de investimento do Governo do Pará. Ainda que Sergio Bacury, Secretário de Estado de Planejamento, tenha afirmado que haverá um "crescimento" de 11% nos investimentos do Governo do Estado ano que vem, muito recentemente o super-secretário Sérgio Leão apresentou um plano de ajuste fiscal que capará quase meio bilhão de reais do Orçamento do Estado.
Ah, sim, depois do encontro, ambos foram participar de uma festa chamada "Boi no Rolete"!
Jatene, que segue com o "saco de bondades" às costas distribuindo ambulância, posto de saúde e outros itens, nas regiões de Tapajós e Carajás estará nesta segunda em Itaituba onde visitará os locais disponíveis para a construção de mais um hospital estadual. Haja bondade! A possível criação dos Estados do Carajás e do Tapajós, claro, nada tem a ver com isso...

Um comentário:

  1. Com algumas luas longe da terra de ar carregado de água (que saudade), só posso dizer que (tirando a consolidação de uma esperança que é o Carajás e Tapajos) quase nada mudou.
    As vesperas de um pleito (ou neste caso dois) algumas migalhas caem das mesas da capital para o trabalhador e incansável interior deste Pará.
    Força povo Carajaense.

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