A greve de agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal (PF), iniciada nesta terça-feira, tem provocado filas na fronteira do Brasil com o Paraguai e atrasado a decolagem de aviões em aeroportos do Paraná. A paralisação, que atinge 26 estados e o DF, também interrompeu pelo menos 100 investigações de grande porte no Estado. As informações são do Sindicato dos Policiais Federais no Estado do Paraná (Sinpef-PR).
De acordo com o sindicato, a adesão à greve está próxima de 100% no Paraná, mas a categoria tem mantido o percentual mínimo de 30% dos servidores em atividades essenciais, como a guarda de presos e os plantões nas delegacias. "Investigações importantes sobre crimes como tráfico de drogas e armas, pedofilia, contrabando, corrupção e tráfico de pessoas estão paradas", disse o presidente Sinpef-PR, Fernando Augusto Vicentine. "Nem as escutas telefônicas estão sendo monitoradas", completou.
Policiais rodoviários federais fizeram uma blitz na manhã de hoje (8) na altura do quilômetro (km) 208 da rodovia Presidente Dutra, em Guarulhos, região metropolitana de São Paulo, em protesto pela valorização da categoria. A manifestação provocou um congestionamento de 10 km, no sentido Rio de Janeiro. Uma faixa da via Dutra permaneceu fechada até o meio-dia, quando se encerrou o protesto.Segundo o Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais de São Paulo, foram parados todos os veículos de carga que passaram pelo local. O objetivo é demonstrar a importância da Polícia Rodoviária Federal para garantir a segurança pública no trânsito.
Segundo a CCR Nova Dutra, concessionária responsável pela rodovia, o engarrafamento chegou a 10 km por volta das 11h, no sentido Rio de Janeiro. “Não estamos pedindo aumento de salário, apenas que a nossa categoria seja tratada pelo governo como um serviço de suma importância. Queremos aumento do contingente e reestruturação da carreira. A valorização do nosso setor é benéfica para todos, principalmente para a população”, disse à Agência Brasil Marcos Khadur, que é coordenador de relações do trabalho da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários.
Além da fiscalização, houve palestras sobre a nova legislação que regulamenta o transporte de cargas no local do protesto. A Lei 12.619/12, que entrou em vigor na semana passada, fixa jornada máxima para os motoristas de caminhão de quatro horas, com intervalo de meia hora pra descanso.
Segundo o sindicato, a ação ocorre também no estados do Rio de Janeiro, de Pernambuco, da Bahia, do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais, do Paraná, além do Distrito Federal.
Nos aeroportos, portos e regiões de fronteira, os policiais federais fazem o que chamam de operação-padrão. Na Ponte da Amizade, em Foz do Iguaçu, todos os veículos vindos do Paraguai são revistados, inclusive as motocicletas. "As motos têm sido um dos veículos mais usados para a entrada de drogas e armas no Brasil, e essa fiscalização não é uma rotina diária nossa por falta de efetivo", disse Bibiana Silva, delegada sindical do Sinpef-PR. "No Aeroporto Internacional de Foz de Iguaçu, estamos revistando as bagagens de todos os passageiros, inclusive as de mãos, o que provocou atrasos, mas não fez ninguém perder o seu voo.''
No Aeroporto Internacional Afonso Pena, na região de Curitiba, houve atrasos em 27 dos 82 voos até as 17 horas de hoje, o equivalente a 32,9% dos voos. A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) confirmou que todas as bagagens transportadas nos compartimentos de carga das aeronaves foram inspecionadas por policiais federais no período da manhã, mas não soube precisar quantos dos atrasos foram causados diretamente pela operação-padrão.
A categoria reivindica reestruturação salarial e da carreira dos agentes, escrivães e papiloscopistas. O salário inicial desses três cargos é R$ 7,5 mil, o equivalente a 56,2% da remuneração dos delegados, cujo vencimento de início de carreira é R$ 13,4 mil. A última greve nacional da PF ocorreu em 2004 e durou cerca de dois meses.
Segundo o presidente do Sinpef-PR, a concessão do adicional de fronteira, prevista em projeto de lei encaminhado na semana passada pela presidenta Dilma Rousseff ao Congresso Nacional, não interfere na greve porque não faz parte da pauta de reivindicações. "Ainda não analisamos o projeto, mas esse adicional já estava acordado. A nossa luta com essa greve é pela reestruturação da carreira", diz Vicentine. A greve da PF afeta ainda os serviços de fiscalização de empresas de vigilância, a liberação de portes de armas e o atendimento a estrangeiros. (Com ABr e Fenapef)
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