Vejam lá.
O Governo do Estado lançou com estardalhaço o seu "Plano Estratégico de Turismo", no dia 12 deste mês. Como dizia a velha cantiga infantil, "teve bolo, cerveja e guaraná". Festa de arromba para mais de 600 convidados. Até Bel Mesquita, Secretária Nacional de Políticas de Turismo, do Ministério idem, abalou-se para participar da festança.
Tudo muito bom.
E, afinal, em que consiste o "Plano Estratégico de Turismo do Governo do Estado do Pará". Deixemos que Adenauer Goes, presidente da Paratur, nos diga. "O Plano Estratégico de Turismo do Estado do Pará,"Ver-o-Pará", terá nove macroprogramas que vão direcionar os novos rumos do turismo paraense, garantindo o fortalecimento do setor, que nos últimos anos ficou bastante fragilizado pela falta de investimentos. O Plano terá 42 projetos de desenvolvimento turístico e 26 projetos voltados para ações de marketing", disse Adenauer.
Uau!
Pense em um plano! Tucanos pensando dá nisso. 9 megaprojetos! Nada menos que 68 projetos! É a revolução turística do Pará! Já posso ver hordas de "estranjas" se deliciando como cuias e mais cuias de tacacá!
Mas, a coisa não para por aí.
Adenauer prossegue: "Junto com o Plano Estratégico o governador e a Paratur lançam também um pacote especial que inclui o Programa Estadual de Qualificação Profissional de Turismo, nova marca turística e novo site promocional do turismo paraense. Com esse pacote surge também uma nova leitura do turismo, que terá, por exemplo, a definição da cor ideal para representar o turismo paraense, indicação de produtos turísticos prioritários a serem promovidos, considerando o perfil dos mercados interno, nacional, regional e internacional.
Adenauer Góes diz que o Plano chega para coroar inúmeras ações já desenvolvidas em 2011 que tiraram o Pará do anonimato em que esteve de 2007 a 2010. “Garantimos de janeiro pra cá a reaproximação do empresariado para a retomada de investimentos no setor, estamos executando o Plano Emergencial de Qualificação em 16 municípios do Pará, retomamos negociação com o Bid (Banco Interamericano de Desenvolvimento) visualizando investimentos superiores a US$ 40 milhões, fechamos parcerias para incrementar o turismo em diversos segmentos, como o turismo rural, o que resultou em convênios com a Emater, Sagri, Faepa, Sebrae, Senar, Companhia de Portos e Hidrovias, entre outros”. Esclarece Adenauer Góes.
Outra linha de investimentos no turismo da atual gestão da Paratur foi a retomada da participação do Pará em grandes eventos promocionais, como o Salão do Turismo – Roteiros do Brasil, Abav, Brastoa, Festival de Turismo de Gramado, em nível nacional, e, em nível internacional, Top Resa, na França, WTM em Londres, Fit, na Argentina, Brite, no Rio de Janeiro, entre outros."
Agora, vai!
O vírus da "reinvenção da roda", doença que costumava assolar petistas, agora contagia a tucanada!
"Inúmeras ações" desenvolvidas este ano? Quais? Onde?
Percebam que Adenauer pode ter muitos defeitos mas de excesso de modéstia não padece. Além das "inúmeras ações" ele "tirou o Pará do anonimato" em que esteve na gestão petista de Ana Júlia!
Agora é o vírus da "reinscrição da história" que contagia a tucanada e lhe confunde os sentidos.
Os números do turismo paraense não apoiam Adenauer. Nos anos de 2003 a 2010 o turismo no Pará cresceu continuamente, a taxas pequenas é verdade, mas cresceu. Basta ver os resultados apurados e tornados disponíveis pelo Ministério do Turismo.
A verdade é que o ponteiro do números de visitantes no Pará, melhor parâmetro para medir a eficiência de uma política de turismo, não se mexeu até agora, malgrado o hercúleo esforço de Adenauer através de suas "inúmeras ações".
Enquanto Adenauer e Jatene fazem seus "planos estratégicos", à moda Pinky & Cérebro, o Amazonas já quase dobrou o número de visitantes e afirma-se como o verdadeiro "portal da Amazônia".
Por que?
Simples. Os amazonenses passaram a oferecer aquilo que têm em abundância: mato e bicho exótico.
Qual o nó da questão no Pará?
O diagnóstico até que é simples e vocês já leram em inúmeros artigos sobre o turismo. Fazer turismo no Brasil custa caro, é desconfortável e inseguro. E no Pará esses problemas dobram de tamanho. Foi isso que disseram cerca de 39 mil turistas internacionais aos pesquisadores do Ministério do Turismo. Feita este ano em 15 dos principais aeroportos brasileiros e em 12 saídas terrestres, a pesquisa mostrou que coisas simples como
sinalizar as cidades brasileiras e prover telefonia e internet de qualidade são as principais reivindicações dos turistas, seguido por melhores estradas e aeroportos decentes.
Por outro lado, atrair turista para a Amazônia não parece difícil desde que sejam oferecidos os roteiros corretos. Valorizar em demasia os centros urbanos só enfraquece o interesse do estrangeiro pela região. Afinal de contas, não temos prédios milenares, temos apenas prédios antigos (É possível comparar a Igreja de Saint Sulpice - na foto lá de cima - com a catedral da Sé, em Belém?). Mas, desde o primeiro governo tucano no Pará o que se viu foi a valorização demasiada de Belém. Almir e Jatene deram para Belém um aeroporto internacional praticamente novo, a Estação das Docas, A Casa das Onze Janelas, o Conjunto Feliz Luzitânia e o Mangal das Garças, isso só para ficar nas obras acima de 70 milhões de reais. No Mangal das Garças, Paulo Chaves, esse Landi redivivo, chegou a meter um borboletário com ar-condicionado para agradar pupas e crisálidas dos lepidópteros!
Ora, o turista "gringo" já viu isso e muito mais em outros lugares. Ao pensar em visitar a Amazônia ele sonha em ver índios, onças e aves diferentes.
Mas a tucanada preferiu embelezar Belém, na esperança de ganhar os votos necessários para comandar a prefeitura da Capital, coisa sempre negada pelo eleitorado aos tucanos.
Enquanto isso, ações como sinalizar corretamente as cidades seguindo padrões internacionais, investir em melhoria das telecomunicações e recuperar estradas foram deixadas de lado.
Na região de Carajás, por exemplo, as principais rodovias estaduais estão abandonadas e, como a estação das chuvas ameaça começar ainda mais cedo este ano, passaremos entre lama, buracos e deslizamentos até junho do ano que vem.
Telefonia celular e acesso à web no Pará é uma piada e na região de Carajás, piada de mau gosto.
Os aeroportos da região são acanhados e desconfortáveis.
Tapajós e Carajás têm enorme potencial turístico. O Festival do Sairé ou a pesca esportiva no Tocantins e no Araguaia são apenas exemplos de atrações capazes de trazer turistas e, principalmente, divisas para as duas regiões.
Adenauer e Jatene não precisavam perder tempo discutindo qual a "cor" ou a "logo" mais adequadas para identificar o turismo paraense (claro, uma "consultoria" das "maiores do mundo" foi contratada!).
Para incentivar o turismo ajudava correr atrás de recursos para recuperar as estradas paraenses que desde o início ano estão esburacadas e matam paraenses todos os dias!
Ah, sim: Como não poderia deixar de ser, Jatene assinou um protocolo visando criar a Secretaria Estadual de Turismo. Os inúmeros cargos comissionados que serão criados com a nova secretaria, por óbvio, vão onerar o contribuinte e gastar grande parte dos tais 40 milhões que Adenauer diz ter para destinar ao fomento do turismo.
Tomara que a secretaria de Turismo funcione melhor que o site www.turismoparaense.pa.gov.br lançado no mesmo dia 12. Até agora o tal site não entrou no ar. Talvez não tenham terminado o "planejamento estratégico" para decidir quem aperta a tecla "enter"; talvez não tenham efetuado o pagamento da consultoria "melhor do mundo" em sites-de-turismo-para-estados-quebrados-e-com-planos-mirabolantes; talvez, ao fim e ao cabo, seja apenas o governo tucano trabalhando no Pará: Ou seja, muito trovoada e pouca chuva!
Mr. Wilson, entendo e concordo com o sr., mas tudo isso é justificativa para dividir o Estado? Não vejo como o "Dividir para conquistar" possa se transformar em "Dividir para multiplicar"
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