Sempre que se discute como recuperar o chamado "passivo ambiental" surge alguém com uma ideia bestial que no mais das vezes comprova-se apenas besta.
Assim parecem algumas das sugestões apresentadas hoje no Senado Federal durante a discussão do Novo Código Florestal (aspecto da reunião, na foto acima).
Um dos especialistas sugeriu o incremento da tal "compensação florestal", algo já tentado desde os tempos em que se amarava cachorro com linguiça e o extinto IBDF cuidava (?) da questão ambiental. A cada árvore derrubada o explorador precisava recolher uma quantia suficiente para plantar outra em seu lugar. Não precisa dizer a que paroxismo de fraudes e desvios chegou a tal "compensação florestal".
Ao mesmo tempo os especialistas posicionaram-se contra a isenção dos pequenos produtores no que diz respeito à recuperação de áreas degradadas ou alteradas.
Querem que esses produtores sejam obrigados a respeitar a "reserva legal" e ainda fazer a recuperação das áreas desmatadas.
Ora, no que diz respeito à Amazônia trata-se de uma estupidez absoluta.
Como produzir dentro de oito alqueires quando metade dessa terra tem que ser mantida intocável? Ou ainda, como obrigar o colono a contrair dívida para efetuar o replantio de mata nativa enquanto tenta sobreviver pelos próximos 30 anos de feijão e mandioca enquanto espera ter madeira de lai para manejo legalizado?
Na prática estaremos empurrando os pequenos produtores para fora de suas terras, devidamente endividados e forçados a vender o lote para grandes produtores.
Ao invés de distribuir renda, essa ideia apenas leva à concentração fundiária.
A alternativa correta é decretar-se o desmatamento zero, impedindo novos avanços sobre a floresta (estudos demonstram que o manejo de áreas degradas e alteradas é suficiente para elevar a produção de carne e grãos na Amazônia em cerca de 12% ao ano de forma contínua pelos próximos 25 anos), permitir que os pequenos produtores explorem de forma eficiente seus lotes e garantir que médios e grandes produtores invistam no replantio das matas nativas recuperando os biomas alterados.
O resto é tentativa de reinventar a roda e coisa de quem ao fazer um giro constrói apenas um jirau.
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