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24 de maio de 2019

BARRIL DE PÓLVORA: Ações da Susipe tentam evitar explosão de violência nos presídios do Pará



A Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (Susipe) vem tentando evitar a explosão de violência nos barris de pólvora em que se transformaram os presídios e carceragens paraenses. Só nesta quinta-feira (23), em apenas duas casas penais foram aprendidas 29 armas brancas (terçados, facas, "estoques" e outros), além de 13 celulares e quase 50 porções de drogas. Recentemente, em Redenção, durante uma rebelião, um integrante de facção criminosa foi morto, esquartejado, decapitado e teve parte de seu corpo queimado por bandidos de um bando rival. Pelas próprias condições precárias de segurança que oferecem as casas penais paraenses, a barbárie pode acontecer a qualquer momento e em qualquer um dos presídios ou carceragens do estado.



No Centro de Recuperação Coronel Anastácio das Neves (CRCAN), em Santa Izabel, cidade próxima a Belém, foram encontrados três terçados e 19 facas durante a revista. Foram encontrados ainda 3 celulares, 1 carregador externo, 2 baterias de celular, 20 carregadores, 3 capas de celular e 6 fones de ouvido. 

A operação foi executada por agentes prisionais e equipes do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Estado. Segundo a nota da Susipe, tudo foi feito sem "esculacho". "A operação ocorreu dentro da normalidade e não houve necessidade de contato físico ou uso nenhum tipo de agentes químicos como: granadas lacrimogêneas e de feito morais e nem munições de elastômeros", diz a nota da Susipe nessa espécie hermética de idioma que lembra vagamente a Língua Portuguesa. 

Enquanto isso, no Centro de Recuperação Regional de Altamira (CRRALT), outra revista era realizada. Ali foram apreendidos mais 10 celulares, 8 chips, 8 carregadores, 3 baterias, 2 fones de ouvido, 6 estoques, 1 chave de fenda e 49 papelotes contendo entorpecentes, nos Blocos A e B. 



A revista também contou com o apoio de policiais militares e não houve resistência por parte dos bandidos presos. 

Os presos nas celas onde foram encontrados os materiais ilícitos responderão a Procedimento Disciplinar Penitenciário, nas duas unidades da Susipe. 

Como sempre, consta ao final das notas da Susipe que "as revistas já foram concluídas e que as unidades encontram-se operando dentro da normalidade".

Difícil chamar de "normal" o funcionamento de um sistema no qual 20 mil detentos ocupam o espaço que deveria comportar apenas 12 mil. Desses 20 mil, 7 mil ainda são presos temporários, que aguardam manifestações do Tribunal de Justiça do Estado para saber se vão ficar presos ou serão liberados. Cerca de 30% dos presos já são "faccionados" (integram alguma organização criminosa). doenças como tuberculose, lepra e HIV-AIDS são endêmicas no sistema penitenciário. Normal?

De fato, o Sistema Penal do Pará de normal não tem nada e está pronto para explodir, como este site vem dizendo isso há tempos. Nos últimos oito anos, durante a gestão de Simão Jatene, o investimento na construção de novas casas penais foi zero e a contratação de agentes penitenciários andou bem perto da insignificância. Além disso, foi nos últimos oito anos que, graças à incompetência tucana para gerir a Segurança Pública, as facções criminosas se instalaram no Pará e passaram a comandar presídios e carceragens. Depende da vontade dos líderes desses grupos a manutenção da tal "normalidade".

Helder vem tentando conter uma explosão que se anuncia e que tem o potencial de contagiar diversas casa penais. Não é uma tarefa fácil para o governador e caso não consiga, vai acabar saindo chamuscado nesse processo.


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